Em Afife ,
o mar acorda sonhos de cabelos brancos
e a Vontade de Viver dança nos rochedos e chama-nos.
Em Afife ,
há colos de MÃE à nossa espera
em cada recanto verde embriagado de luz
e a maresia beija os campos de flores amarelas
que as gaivotas visitam.
Em Afife ,
também o milho verde espreita o mar
e não há grão que não se sinta rei...
Em Afife ,
mora também a beleza das lavradeiras
com os seus trajes de “ ir ao mar “ ou de “ ir à erva “...
E a vida canta nas suas saias de barra azul,
nos seus lenços de ramagens de fundo amarelo...
Em Afife ,
fortes e belos como as muralhas
que abraçam casas de pedra com cheiro a maresia,
há braços de Poeta que nos acolhem e convidam a ficar...
Em Afife ,
as ermidas cheiram a iodo e alfazema
e há sacerdotes do Absoluto
que, por vezes, se sentam em pedras carregadas de história.
Em Afife ,
sentem-se os passos imortais do Homem Novo
que percorria o monte, embriagado de sonho
e que ,um dia, partiu para sempre
porque carregava desde criança
a dor dos famintos de pão e de justiça,
o grito das pombas estranguladas
Em Afife ,
o Homem Novo “ouviu o canto da sereia,
sem estar amarrado ao mastro”...
Coimbra, 25 de Setembro de 2000
Maria João Lopes Gaspar de Oliveira
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